Autor: Sílvio Celestino
Sua carreira é seu mais importante investimento, portanto, deve ser bem planejada, avaliada e gerida. Olhar para o futuro, identificar oportunidades ou possíveis problemas e fazer os ajustes necessários é uma atitude sábia, que deveria fazer parte de sua agenda. O que ocorre no Brasil, e não é de hoje, são números que apontam para um futuro preocupante e que afetará a carreira de muitos.
Nosso crescimento médio, em dois anos de governo Dilma, foi de 1,8%, com 6% de inflação. Esse dado significa que o profissional precisa conseguir um aumento de renda de, pelo menos, 6% ao ano para manter seu poder de compra. Entretanto, o ideal seria que cada indivíduo soubesse calcular a inflação que o atinge, para ter uma referência própria de quanto deve aumentar sua renda para compensá-la. A taxa oficial, em geral, é menor do que a inflação que de fato atinge seu bolso. Com um crescimento econômico tão baixo, é difícil imaginar que a renda do trabalhador acompanhará o índice de inflação dos próximos anos. Portanto, é fundamental que todos pensem em como torná-la maior por conta própria. Aumentar suas habilidades, ingressar na carreira executiva e criar renda passiva por meio de investimentos são possibilidades a ser avaliadas por todos os profissionais.
Um obstáculo importante é que, provavelmente, receberemos muito menos investimentos do que seria possível e do que necessitamos para nos desenvolver. No momento em que as economias americanas e européias atravessam grandes dificuldades, o Brasil seria uma extraordinária alternativa, se não tivéssemos tanta dificuldade para compreender como atrair e manter investidores.
Todo investimento é um plano, e sua parte financeira é uma equação matemática. Se qualquer elemento dessa equação muda, o resultado dela se altera. Portanto, é crucial que o governo estabeleça e mantenha as regras constantes, principalmente para os investimentos de longo prazo. Entretanto, o que se vê é uma verdadeira tragédia: a legislação nas esferas municipal, estadual e federal mudam centenas de milhares de vezes ao ano. Isso interfere na equação dos investidores, causa grandes transtornos e prejuízos. O resultado é muito menos oportunidades de desenvolvimento de carreiras para todos os brasileiros, especialmente os mais jovens.
Assim como um investidor deve avaliar as oportunidades em termos globais, o profissional também deve observar onde elas ocorrem no mundo. Se ele tiver maior chance de carreira no exterior, é uma decisão sábia aproveitá-la. Até porque o Brasil possui muitas restrições provocadas por um governo centralizador, monopólios e a pior carga tributária do mundo. Infelizmente, muitos de nossos legisladores são influenciáveis por dinheiro não contabilizado, como demonstrou o processo do mensalão. Isso faz com que aprovem leis que favorecem quem paga mais. Minha análise é que interesses internacionais pagam mais do que os brasileiros. Somente isso justifica leis que expulsam investidores do Brasil. Tradução: criam oportunidades em outros países.
A maioria não tem condições de avaliar a complexidade da relação que existe entre leis, oportunidades, investimentos e carreira. Por isso, é melhor pensar de forma simples e responder, para cada fato do cotidiano, à seguinte pergunta: quem se beneficia com isso que está acontecendo? E tomar as decisões apropriadas de carreira, assim como os investidores o fazem. Por exemplo: quem se beneficia com os programas de moradia? Resposta: indústria da construção e cimento. Quem se beneficia com a violência no Brasil? Resposta: indústria das armas e de segurança privada. Quem se beneficia com tanto estresse nas grandes cidades? Resposta: indústria farmacêutica.
Portanto, para gerir bem sua carreira é fundamental observar as leis. São elas que criam, ou impedem que as oportunidades ocorram para você. Vamos em frente!
Sílvio Celestino é sócio-fundador da Alliance Coaching.
