A transformação digital na gestão de RH, vitaminada pelas circunstâncias impostas na crise do novo coronavirus, está ganhando maturidade para dar agilidade e efetividade em toda a jornada da experiência do colaborador. Por meio das possibilidades analíticas e de inteligência artificial, até mesmo a questão da adequação à cultura organizacional do profissional admitido em regime de home office poderá entrar nos fatores seletivos. Ou seja, do recrutamento ao desligamento, passando pela integração e o treinamento, tudo deverá será facilitado pelo digital, sem tirar o protagonismo do ser humano que terá mais oportunidades em todo o processo. Essas análises foram compartilhadas, hoje (23), por Ana Marcia Lopes, vice-presidente de recursos humanos, responsabilidade social e ouvidoria da Atento Brasil, e Cláudio Vinícius, CEO e fundador da Beejobs, durante a 146ª live da série de entrevistas dos portais ClienteSA e Callcenter.inf.br.
Abordando o estágio mais maduro e consolidado do modelo de home office que foi assumido em um universo de mais de 30 mil colaboradores em função das circunstâncias da pandemia, Ana Marcia explicou que a Atento foi aperfeiçoando esse movimento. Inclusive dando suportes cada vez mais consistentes como instrumentos para, de um lado, o exercício das lideranças em uma gestão remota eficaz e, de outro, os cuidados com as pessoas, que representam a razão de ser da organização. Segundo ela, tanto para os profissionais que estavam em casa quanto para os gestores, foi sendo desenvolvida e aprimorada uma plataforma com recursos tecnológicos cada vez mais abrangentes. “A área de RH da empresa providenciou também”, acrescentou, “todos os cuidados para manter, além do suporte técnico e operacional, os níveis de conexão e aproximação entre as pessoas. Foi criado um ambiente trazendo outros elementos, tais como cuidados maior com a saúde dos operadores. Foram realizadas lives, espécies de webinar, palestras on-line, etc, inclusive ampliando a temáticas que envolvessem as famílias dos colaboradores. Isso de tal forma que o eles pudessem se manifestar sobre sua vida atual de forma ampla”.
Respondendo, ainda dentro dessa linha de explanação, sobre o desafio da companhia em colaborar para o equilíbrio entre o dia a dia pessoal e profissional do colaborador no teletrabalho, Ana enfatizou que esse fator realmente é foco de atenção. “O ser humano foi feito para a socialização e o home office, mesmo em modelo híbrido, foge um pouco dessa tendência natural. Então, no nosso caso específico, temos conseguido responder satisfatoriamente com um tipo de liderança muito empática. O que se desenvolve não só em conhecer e entender o outro, mas ajudando-o também no autoconhecimento e na busca do equilíbrio entre suas necessidades pessoais e as da empresa.”
Por sua vez, Cláudio explicou os motivos do crescimento exponencial da Beejobs, startup criada há apenas três anos, com a missão de contribuir para acelerar o processo de transformação digital na gestão de RH. “Percebemos que, de forma crescente, surgia uma demanda por digitalização desde o recrutamento até os processos de integração e desenvolvimento dos profissionais, o que começou a ser viabilizado com o surgimento, por volta de 2011 do universo cloud. E cinco anos depois, quando nossa empresa foi criada, já havia um ambiente para favorecer o protagonismo que a gestão de pessoas merecia. Então, somos hoje uma starutp de HRTech cujo software abrange todas essas necessidades, mas a gestão de metas, meios de aprendizado, ou seja, os clusters ou nichos que desafiam a gestão de RH em seu dia a dia.” Com uma recente injeção de capital do fundo de investimentos mexicano Capital Indigo, a empresa, além de atuar no Brasil e no México, está expandindo a marca para Colômbia e Nicarágua. Hoje, já são mais de 3,7 milhões de perfis cadastrados na plataforma da empresa, em uma grande diversificação de profissionais que se utilizam da ferramenta para buscar suas oportunidades, muitas vezes do primeiro emprego.
Corroborando com a visão do CEO da Beejobs sobre as contribuições da tecnologia para o sucesso da administração de RH, a VP da Atento mencionou desde as experiências gestadas há tempos no Vale do Silício, evoluindo continuamente para recursos cada vez mais leves e friendly para quem trabalha na área de pessoas, inclusive democratizando o acesso às oportunidades. “A tecnologia vem para ajudar em tudo. Não só na questão da produtividade, mas também na própria jornada da experiência do colaborador. É o conceito de EX, Employer Experience, colocando o nosso profissional no centro das atenções.” Nessa direção, Ana Marcia assegura que a Atento, já distante dos modelos do passado, vem evoluindo, com um processo de recrutamento e seleção já todo digitalizado, reconhecendo ser preciso aprimorá-lo azeitando a ferramenta de maneira contínua. “É preciso garantir que o profissional consiga receber sistematicamente todas as informações necessárias, os feedbacks, ao mesmo tempo em que a Inteligência Artificial siga contribuindo para a análise dos CVs para mais agilidade e amplie de forma fluida a interação entre as pessoas. A busca de um processo de melhoria contínua para que possamos favorecer os dois lados. Nossa equipe poderá ser mais gestora do processo e menos operacional e todo o sistema garante os cuidados da jornada completa do profissional na organização, incluindo-se aqui, também, melhoras de KPIs para favorecer o negócio como um todo.”
Por sua vez, Vinicius complementou que o cruzamento de todos esses dados digitalizados e analisados permite uma cultura de predição, ou seja, a possibilidade de se prever movimentos e obter escala. “De qualquer forma, o ser humano será sempre o protagonista em todo esse processo. A tecnologia veio para contribuir e não para substituir.” Nesse sentido – e também já respondendo a uma das indagações sobre a flexibilidade quanto à regionalização dos perfis de profissionais -, Ana lembrou que a mesma ferramenta digital utilizada para o processo seletivo externo está sendo empregada para o público interno. São mais 70 mil profissionais no quadro da Atento, o que justifica ainda mais esse olhar internalizado com apoio da tecnologia. “De qualquer forma, existe o fit cultural, com demonstração dos perfis que se harmonizam com a a organização. Isso já é um norte mais interno por enquanto e não por região.” De qualquer forma, ela considera que a possibilidade da regionalização é um refinamento dentro dos processos seletivos.
Complementando, Cláudio citou exemplos de fora do Brasil sobre a existência de um debate intenso sobre produtividade e perfis adequados. Por exemplo, como integrar o novo colaborador que que já chega via home office e nunca teve uma experiência presencial na companhia. De acordo com o executivo, “o machine learning caminha na direção de aprender a encontrar esse perfil que já se encaixe na cultura mesmo em home office, o que será uma grande contribuição. Há inúmeros fatores que essa tecnologia poderá detectar e analisar. E o quanto esse profissional está preparado em todos os aspectos necessários, incluindo o fit cultural. O ano de 2020 representa uma grande aprendizado para avançar nesses objetivos”.
Finalizando o bate-papo, os especialistas avaliaram que, dentro da maturação e refinamento dos processos digitais da gestão de pessoas, será possível também se medir com maior precisão o atingimento de indicadores que contribuem para o negócio como um todo. Eles entendem que, assim como outras áreas que passam por transformação digital, o amadurecimento dos processos tecnológicos e suas possibilidades analíticas acontecem em um ciclo que permitirá mudanças consolidadas. E reafirmaram que a relevância ainda maior no cuidado com as pessoas que surgiu na crise pandêmica vai-se manter e ditar o panorama junto com os avanços tecnológicos daqui em diante.
O vídeo com a entrevista, na íntegra, está disponível em nosso canal no Youtube. Aproveite para também se inscrever e ficar por dentro das próximas lives. Na segnda-feira (26), a série de entrevistasprosseguirá com Rogério Guandalini, diretor de vendas e marketing da Europ Assistance, enfocando a diversificação de serviços e canais para chegar ao cliente; na terça, será a vez de Victor Soffiatti, gerente de consumer data e digital media da Heineken; na quarta, Marcelo Vieira, consultor executivo de comunicação e marketing do Sicoob Confederação; e, na quinta, Fernanda Dayan, gerente de cuidados femininos da Kimberly-Clark.