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Tushar Parikh, CEO Brasil e head Latam de bancos, serviços financeiros e seguros da TCS

Da conveniência à conectividade: a transformação da experiência no mundo financeiro com superapps

Os grandes players do setor financeiro continuarão a disputar fatias e nichos de mercado, mas serão forçados a trabalhar de maneira colaborativa

Autor: Tushar Parikh

Quando os smartphones foram lançados, a maioria dos aplicativos móveis foi projetada para oferecer apenas um recurso principal, seja ele um jogo, uma rede social ou um streaming de vídeo. Hoje, um fenômeno diferente tem despontado como tendência: os super apps. Os primeiros experimentos vêm da Ásia, que está promovendo uma significativa inovação ao buscar um paradigma de desenvolvimento tecnológico focado na integração de ecossistemas. Dessa forma, os novos aplicativos passarão a se tornar um destino único para os clientes, representando um horizonte de oportunidades de negócios para segmentos diversos, especialmente para o financeiro. 

A chegada do PIX e o avanço do Open Finance são frentes que demonstram uma maturidade do setor no que se refere à transformação digital. Esse novo contexto mudou a relação dos brasileiros com as tecnologias bancárias. De acordo com a Febraban, a movimentação financeira pelo celular teve crescimento de 75% em 2021, passando de 9,3 bilhões de transações para 16,3 bilhões de operações. A pesquisa também revela que as transações relacionadas a pagamentos cresceram 72% no mobile banking. Por outro lado, o número de pessoas sem conta bancária é significativo: 34 milhões, o que corresponde a 21% da população. Para ambos os casos – bancarizados digitais e desbancarizados – os super apps podem vir a ser uma solução inteligente pois traz como premissa em suas funcionalidades o aprimoramento da experiência do consumidor.

Mas o que é um super app, afinal?

Dito de forma resumida, trata-se de uma aplicação que funciona como destino único para todas as atividades no mundo móvel e permite que o usuário execute várias tarefas em um só local. Além do aspecto da inovação e inclusão financeira, as empresas que estão investindo nesse modelo têm em mente ajudar o usuário a evitar problemas de memória e armazenamento do telefone – lembrando que em muitos países, a maior parte da população possui smartphones que não têm capacidade para operacionalizar mais do que 40 aplicativos separadamente.

A América Latina se destaca como um líder em inovação entre os emergentes no desenvolvimento de super apps e pagamentos digitais.  Isso se deve, em grande parte, ao fato de possuir um dos maiores índices de penetração de smartphones no mundo e ao percentual grande de desbancarizados que demandam alternativas de pagamento, além de uma grande expectativa de crescimento do e-commerce.

Na região, o Rappi se consolidou como o primeiro supperapp em funcionamento, construindo um ecossistema com serviços que vão desde carona e entrega da comida até serviços financeiros e comércio eletrônico. Outro destaque é o Mercado livre, que começou como um e-commerce e depois incluiu o Mercado Pago, que possibilita os pagamentos no marketplace e oferece serviços financeiros como pagamento de contas e investimentos.

Além das empresas que nasceram com foco em ecommerce e serviços não bancários que oferecem os serviços financeiros, também observamos o inverso acontecer: bancos que oferecem não só seus produtos, mas incluem em seus apps e vendem serviços não bancários, via parcerias com diversos tipos de empresas de consumo.

O paradoxo da competição versus colaboração

O modelo de desenvolvimento de aplicativos ecossistêmicos tornou-se um elemento essencial da estratégia de empresas que miram o futuro. No entanto, traz um paradoxo à tona. Se, por um lado, os grandes players do setor financeiro continuarão a disputar fatias e nichos de mercado, por outro, serão forçados a trabalhar de maneira colaborativa. Isso porque a característica principal de um super app é ser um grande agregador de serviços e dados que podem ser de diferentes marcas e, no caso do segmento em questão, o diferencial será a capacidade de concentrar atividades de finanças em um único ecossistema.

Será que os bancos tradicionais estão preparados para essa mudança de mentalidade? E as fintechs, terão pujança para construir uma base de usuários massiva e engajada? Esses dois perfis de empresa terão interesse em fazer parcerias específicas onde for localizado um potencial de sinergia? Qual será o espaço ocupado por players entrantes no mercado? Algumas iniciativas por parte de bancos têm ganhado destaque no mercado, cada uma com suas soluções, mas todas partilhando o conceito de ecossistema e marketplace dentro dos respectivos aplicativos.

No que se refere a manter o cliente naquele espaço computacional, o que se sabe a partir das experiências observadas no oriente é que os super apps criam ambientes propensos para um hiper engajamento. Algo que naturalmente torna-se uma vantagem competitiva para todos os players envolvidos naquele determinado ecossistema, com forte potencial de se criar uma espiral crescente de serviços seguidos de engajamento e assim sucessivamente. O que conta é promover uma experiência qualificada de usabilidade e compras.

Os super apps despontam como uma solução que tem tudo para ser disruptiva, como foram tantas outras que aparentemente são ideias simples – aplicativos de mensagens, de entrega de comida, de transporte etc. As instituições financeiras estão investindo fortemente em tecnologias digitais como nuvem, inteligência artificial (IA) e aprendizado de máquina (ML) para impulsionar o rápido desenvolvimento de produtos e serviços centrados no cliente. É claro que existe uma complexidade sob vários aspectos – tecnológicos, mercadológicos, regulatórios etc. – mas é importante que os players passem a olhar com atenção para as oportunidades que a mentalidade ecossistêmica oferece. Porque, no fim do dia, se a experiência do cliente melhorar, ele se tornará um propagador orgânico daquele serviço, seja como meio de pagamento, como varejo online ou entretenimento.

As oportunidades e os desafios estão colocados e, mais uma vez, as fronteiras estão fluidas e expandidas. 

Tushar Parikh é CEO Brasil e head Latam de bancos, serviços financeiros e seguros da TCS.

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