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Fabiano Cruz, CEO da Alot

GenUI: a nova fronteira para ser mais empático com o consumidor

Generative User Interface representa um novo paradigma para o front-end, ou seja, a interface final que o usuário vê e que hoje é construída por desenvolvedores

Autor: Fabiano Cruz

Imagine um cenário em que um serviço como um aplicativo de banco, por exemplo, consegue abrir uma tela no smartphone do cliente apenas com as funcionalidades que mais o interessam. Além disso, esse app sabe que, pela idade desse consumidor, o ideal é mostrar as fontes e ícones com um tamanho diferenciado, para facilitar a leitura. Tudo isso definido de forma autônoma, sem que tenha sido pedido, e com base em um grande volume de dados acumulados ao longo de anos de relacionamento.

O Anuário CX Trends 2024, levantamento realizado pela Opinion Box, empresa de pesquisas no mercado online, e pela Octadesk, plataforma de atendimento com IA, mostra que 52% dos clientes que foram entrevistados afirmaram concordar com a ideia de dar preferência a marcas que ofereçam uma boa experiência.

Isso nos leva a importância do protagonista deste artigo, o GenUI (sigla para Generative User Interface em inglês e em português, Interface de Usuário Generativa), conceito que envolve dois dos recursos cada vez mais importantes para o desenvolvimento de serviços interativos entre empresas e clientes: a Inteligência Artificial generativa e o LLM, termo que vem de Large Language Model (“Extenso Modelo de Linguagem”, em tradução livre). 

Esse é um modelo no qual as máquinas conseguem “aprender” a partir do acúmulo de gigantescas bases de informações e da capacidade de lidar com elas. Essa tecnologia representa um passo a mais na relação B2C (Business to Consumer) e vai ao encontro das aspirações atuais das empresas. Essa interação mais “sensível”, por parte do prestador de serviço, é um bom exemplo do tema que tem sido uma grande preocupação das empresas: a experiência do cliente em todas as etapas da relação B2C. Mas como fazer para um serviço chegar ao nível similar ao de empatia, um sentimento tão humano, com seus consumidores tem sido o grande desafio?

Indo aos exemplos, o serviço com o GenUI poderia incluir adaptações para pessoas com deficiência, como falta de visão, audição ou dificuldades de locomoção. E se o aplicativo, quando fosse agendar uma visita dele à agência, já tomasse algumas medidas para facilitar seu acesso ao local, indicando onde ficam as rampas e designando um atendente específico para recebê-lo ainda na porta?

Para explicar ainda melhor esse mecanismo, vamos visualizar um ambiente no qual o usuário deseja informações para decidir por sua compra. O GenUI representa, desta forma, um novo paradigma para o front-end, ou seja, a interface final que o usuário vê e que hoje é construída por desenvolvedores. Esses desenvolvedores não são mais os agentes no projeto da interface, e sim o próprio GenUI. É ele que irá construir as telas, os menus ou as opções de acordo com a preferência desse usuário que ele já “conhece” a partir da observação do seu comportamento. 

Experiência do usuário é decisiva 

Falando dos componentes essenciais do GenUI, através do LLM é possível criar aplicativos, programas e outros sistemas capazes de conversar com humanos, fazer deduções e modificar seu comportamento autonomamente, com base nas experiências “vividas”. Ele funciona através de redes neurais artificiais, estruturas que simulam a forma de comunicação entres os neurônios do cérebro. Na rede neural da IA, vários nós se conectam uns aos outros e conseguem formar camadas à medida em que se aumenta a complexidade das informações relacionadas.

Esse recurso é um caminho para a IA generativa, que eleva a experiência dos usuários com as máquinas a um novo nível: ao invés de um prompt com um comando, no qual é feito um pedido para que a ferramenta responda alguma questão específica, a IA passa a ser um agente, integrando a experiência com o usuário, entendendo não só o que ele quer saber, mas o que pretende fazer com a informação que procura.

O GenUI é, portanto, uma evolução tecnológica que o LLM e a IA generativa possibilitaram para a criação de experiências ainda mais personalizadas e únicas. À medida que interagimos com determinada pessoa, começamos a entender seus gostos musicais, suas preferências gastronômicas e de vestuário e com isso conseguimos, por exemplo, agradá-la ainda mais. Assim como nós, o GenUI irá chegar cada vez mais perto dessa singularidade, que hoje (ainda) é exclusiva da espécie humana.    

Possibilidades e desafios

Ainda incipiente em termos de implantação, o GenUI começa a ser estudado e a atrair atenção dos gestores responsáveis pela área de Customer Experience. As aplicações são múltiplas, já que ele pode ser um agente importante nas interações de empresas de qualquer setor e seus clientes. Há desafios a serem vencidos, no entanto. Um deles é o conhecimento técnico para gerar algoritmos eficientes e capazes de gerar interfaces que realmente consigam chegar a um nível satisfatório de interação com os usuários. 

Outra questão importante é a capacidade e a velocidade de processamento do grande volume de informações para personalizar o atendimento, considerando toda a complexidade que envolve seu conjunto de comportamentos, sentimentos, vontades, nível de conhecimento e cultura.

Por fim, há a questão ética: até que ponto esse agente pode fazer a observação da vida de um cliente com o objetivo de definir o melhor atendimento para ele? Esse é um debate que está em curso também nas redes sociais e seus algoritmos e estamos no caminho para encontrar soluções. Mas é certo que a IA estará cada vez mais presente no nosso cotidiano e o GenUI representa uma de suas novas fronteiras.

Fabiano Cruz é CEO da Alot.

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