Vale o risco?

O crédito rotativo sempre esteve ali, a disposição de quem interessasse. Nunca foi feita um grande alarde comercial do mesmo, mas sua fama de vilão para a saúde econômica das famílias e empresas é conhecida por conta das taxas e juros altos. Antes da crise, inclusive, deixou de ser exclusivo das instituições bancários e começou a ganhar espaço em lojas, cartões de crédito e financeiras. Entretanto, agora, com a recessão instaurada no País, ele está sendo visto por muitos como a principal alternativa para fechar o orçamento. Assim, o somatório dessa situação pode fazer aumentar o número de inadimplentes e a insegurança das empresas que concedem crédito.
Com isso, no atual cenário macroeconômico, em que os índices de desemprego estão subindo, a única garantia que restou para quem fornece crédito rotativo é cobrar mais caro do já se faz. “O maior rigor das concedentes, desde última crise de inadimplência, em 2012, vem contribuindo para que não haja novo pico de inadimplência, mas essas modalidades tradicionalmente estão sujeitas a maiores probabilidades de não pagamento”, comenta Flávio Calife, economista da Boa Vista SCPC.
Tanto que o rotativo do cartão de crédito se tornou uma opção mais cara. Segundo os últimos dados do Banco Central, a taxa de juros média cobrada pela modalidade atingiu a marca de assustadores 372% ao ano em junho, ante 308,3% no mesmo mês do ano passado. A alta, de 63,7 pontos percentuais, só perdeu para o aumento de 69,6 pontos percentuais observado no cheque especial, apresenta Vitor França, assessor econômico da FecomercioSP. “Diante de um ambiente de taxas altas (370% aa), as pessoas que entram no crédito rotativo por muito tempo têm maior probabilidade de não conseguir mais pagar suas obrigações e entrar em atraso. Quanto mais à carteira do crédito rotativo crescer em relação ao todo, maior risco de termos clientes inadimplentes”, pontua Christian Vincent, diretor da GoOn.
Nesse sentido, Ricardo Assumpção Mesquita, gerente nacional do segmento alta renda da Caixa, acrescenta que é importante que a empresa concedente esteja atenta ao uso do crédito e busque alternativas para si e para o cliente. “De acordo com a política de risco da empresa, atuamos com ações de repactuação do valor do crédito rotativo para clientes que demonstram uso continuado do limite, por meio da oferta de opções de crédito parcelado, que possuem menor custo.”
MPEs TAMBÉM QUEREM
Não são apenas as pessoas físicas estão fazendo maior uso desse tipo de crédito. Segundo Paulo Valadares Pereira, superintendente de crédito comercial do Banco Cooperativo Sicredi, os micro e pequenos empresários também estão buscando essa modalidade, seja com a finalidade de organizar o fluxo de caixa, ou para manter as atividades. Uma vantagem que esse setor vê no rotativo é o fato de não possuir tanta burocracia quanto o crédito destinado a estas empresas.
Quais o maior risco do crédito rotativo diante da crise? Deixe a sua opinião na enquete do Portal Crédito e Cobrança.

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Alternativa para quem não consegue crédito, rotativo apresenta juros altos e risco de inadimplência
Apesar das taxas, crédito rotativo tem se tornado a primeira opção para curto prazo
Com busca do rotativo para fechar orçamento, concessionárias de crédito amargam a inadimplência
Mesmo oferecido amplamente, aumento significativo dos juros e taxas do rotativo é um sinal de recessão
Não tão comum quanto pessoa física, micro e pequenos empresários são fiéis ao crédito rotativo
Enquanto muitas carteiras se resguardam, crédito rotativo se mantém aquecido junto aos consumidores

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Vale o risco!

O cenário do mercado de consumo é cada vez mais hostil com a crescente quantidade de empresas, saturando e fornecendo a todo o momento opções iguais de produtos e serviços para os consumidores. Já esses se encontram cada vez mais exigentes. Cobram por novidades. É nesse quadro tão complexo que se torna fundamental inovar. “O mercado é muito dinâmico, se não investir em inovação, não tiver o que oferecer e diferenciar-se aos clientes, a empresa vai ficar para trás”, afirma Sérgio de Souza Carvalho Jr., diretor de marketing, TI & CRM/SAC da 5àsec. Porém essa estratégia ainda traz diversos desafios, uma vez que esse é um caminho de apostas e muitas empresas ainda cometem enganos.
Assim, o primeiro cuidado é saber a hora de inovar. E se tem um momento bom para isso é esse. No Índice Global de Inovação foi apontado um recente crescimento de novos eixos nas economias emergentes, que estão ajudando a redefinir o mapa global de inovação. Os dados identificaram 20 ecossistemas distribuídos em 12 países, confirmando o Brasil como um relevante ator da inovação global, junto com outras economias emergente como Singapura, Rússia e Índia. Ainda reconheceu que empresas, governos e sociedades estão inseridos em um contexto econômico de transformação constante. Ou seja, atualmente, o país se encontra em um momento de boa oportunidade para quem deseja investir em inovação. “O ambiente está favorável para a inovação, resultado da evolução dos parques de alta tecnologia, a integração entre universidades/pesquisadores, empresas, agências, núcleos de transferência de propriedade intelectual, institutos de ciência e tecnologia, empreendedores, incubadoras e aceleradoras”, pontua Antonio Marcon, gerente de pesquisa & desenvolvimento da Samsung, acrescentando que esses fatores, aliados à necessidade constante de renovação tecnológica das empresas, criam novos canais de cooperação entre empresas e clientes e derrubam barreiras de geográficas e de comunicação criando, em teoria, acesso de quaisquer produtos a mercados e clientes”, completa.
Entretanto, é preciso cuidado, pois muitos consideram que inovar é oferecer algo que ainda não existe no mercado, o que não é uma regra. “Introduzir algo novo não necessariamente significa buscar por algo inédito. Inovar também é fazer algo que já existe de uma forma diferente”, explica Felipe do Val, sócio do restaurante Le Bou. “Vejo muita energia sendo gasta desnecessariamente na busca do inédito.” Há esse gasto desnecessário de energia, justamente, por falta de planejamento. É preciso ter em mente que o processo deve partir, única e exclusivamente, de um ponto: o cliente. “A inovação vem da expectativa do cliente, já que ele sempre procura por algo que facilite a sua demanda, que seja simples, rápido e que atenda, principalmente, aquilo que ele espera quando procura uma empresa”, completa Rogério de Castro, diretor de relacionamento com o cliente da Gol. É o consumidor quem irá determinar se uma inovação vai ou não ser aceita. Afinal, caso ele não aceite aquilo que a empresa oferece, o investimento foi em vão, o projeto pode ser um fracasso e a inovação não foi efetiva. “O cuidado que precisa ter é em, principalmente, ouvir cliente e mercado. Quando a empresa não os ouve, corre o risco de criar algo que não vai ser necessário. Então, o que ela pensava que seria um grande diferencial, na verdade não é”, adiciona Carvalho Jr.
É um risco iminente a todos aqueles que estão no processo. Aliás, ao inovar, a empresa estará correndo diversos perigos, mas é o fato de se permitir arriscar, de se fornecer liberdade de investir em algo que não se sabe se dará certo, que muitas vezes fazem com que os negócios conquistem o sucesso. “A gente teima em fazer o que é 100% certo, garantido, mas, para fazer a inovação, é preciso se dar o direito de errar, de fazer algo e correr o risco, inclusive, de não acontecer”, realça João Gabriel Chebante, consultor de branding e marketing. “Grandes empresas, quando inovam, testam no mercado e tudo bem se der errado, pois dá aprendizado para evoluir na solução.” Para isso, basta ter cuidado no momento de se “deixar sair da caixa”, para que, caso haja erros, eles não comprometam a manutenção do negócio. “São muitas variáveis que influenciam o processo de inovação, desde fatores de disponibilidade de competência profissional para execução do projeto, disponibilidade de recursos para financiar a inovação e até fatores mais complexos como os riscos regulatórios associados à introdução da inovação no mercado”, adiciona Marcon.
Até por isso, se torna importante ter cuidado com o desespero por inovar sempre. “Ao mesmo tempo em que os clientes gostam de produtos inovadores ou ações inovadoras, o produto precisa de um tempo de maturação para esses mesmos clientes acostumarem e assimilarem essa inovação”, comenta Filipe R. Colombo, presidente da Anjo Tintas. Se elas ocorrem de maneira seguida, sem tempo de adaptação no mercado, o consumidor pode criar uma insegurança em adquirir um serviço ou produto, uma vez que constantemente é modificado. O que não quer dizer que a inovação não possa ser constantemente buscada. “Toda inovação apresentada é um novo mercado a ser aberto ou uma melhoria/aprimoramento do que já existe.”
Está aí mais uma razão para ouvir o cliente, pois haverá uma maior segurança em oferecer aquilo que ele realmente precisa. Segundo Marcio Eugênio, especialista em e-commerce e sócio-fundador da D Loja Virtual, inovação é facilidade. “Tudo que facilita ou melhora a interação de um grupo de pessoas pode ser considerado inovador.” E ao conquistar este patamar, a chance de atrair novos clientes e fidelizar os que já existem é quase certa, uma vez que a satisfação deles estará garantida. “Melhorando essa experiência e ele saindo satisfeito, ele espalha essa informação para outras pessoas. É um círculo virtuoso que só ajuda a empresa”, acrescenta.
Na Gol, oferecer facilidade ao cliente é o principal objetivo de qualquer inovação e, assim como disse Castro, ela é sempre baseada na necessidade do público. Como exemplos das inovações implementadas, há o Bagagem Expressa, um totem em que o cliente pode realizar o seu próprio check-in e a etiquetagem das bagagens, sem a necessidade de pegar fila, o Conte Comigo, espaço dentro dos aeroportos para que os viajantes tenham suporte ou qualquer tipo de auxílio, como atendimento aos que possuem necessidades especiais ou em libras, e o Ganhando Asas, que é identificação de passageiros de primeira viagem e, assim, fazer com que os colaboradores lhes deem um atendimento diferenciado. “A inovação é bacana, mas ela tem que ser colocada de forma correta dentro da empresa, para que ela não traga desafios para o cliente”, finaliza.

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Vale o risco?

Desde a redução de custo, até a possibilidade de ter todas as soluções sempre atualizadas, mostram que as operações em nuvem têm claramente vantagens sobre as in house. Mas nem todas as empresas estão interessadas em pagar para ver. “Olhando para o mercado ainda não vemos muitas empresas de contact center se utilizando da nuvem”, comenta João Paulo Bruder, analista de telecom da IDC Brasil.
Ele explica que a maior migração ainda esbarra na desconfiança com o modelo, já que o setor depende muito da conectividade. “Uma falha no link ou lentidão pode atrapalhar muito a operação. Há uma dependência muito grande dos dados. Elas se perguntam se vale a pena correr o risco?”, explica o analista.
Para Bruder, no momento, as operações menores devem ir para a nuvem, enquanto as maiores irão aguardar mais um pouco. “O risco para eles é muito grande. Ter problema em um link pode sair mais caro do que investir no modelo in house.” Uma solução, segundo o analista, é ter um modelo hibrido, com apenas alguma soluções ou serviços na nuvem. “Acho muito difícil uma empresa decidir ter toda operação na nuvem, apenas os operadores e as PAs no espaço físico. Mas conforme as operações menores forem migrando e obtendo bons resultados, o cenário deve mudar”, completa.
NÚMEROS
Pesquisas realizadas pela IDC revelam que é em 2013 que devem se concretizar os primeiros grandes projetos de nuvem no País. Os investimentos em Computação em Nuvem Pública pelas empresas brasileiras atingirão a casa dos US$ 257 milhões em 2013. A infraestrutura como serviço movimentará US$ 123 milhões, enquanto plataforma como serviço US$ 25 milhões e software como serviço US$ 109 milhões.
De acordo com as pesquisas, o conceito deve se expandir de maneira bastante forte, com crescimento anual de aproximadamente 74%. Assim, o mercado nacional atingirá a marca de US$ 798 milhões em 2015, sendo que as vendas de software como serviço chegarão a US$ 370 milhões, ultrapassando infraestrutura como serviço, que atingirão US$ 362 milhões. Plataforma como serviço chegará em R$ 66 milhões.

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