Autor: Marcelo Furtado
Em uma recente pesquisa divulgada pela consultoria Mckinsey foi constatado que mais de 90% dos CEOs planejam aumentar seus investimentos em desenvolvimento de lideranças porque eles vêem este como uma das questões mais importantes enfrentadas por suas empresas. Em um mundo em constante transformação onde o capital intelectual ganha cada vez mais relevância, formar lideranças passou a ser imprescindível para escalar as empresas. Na verdade, em muitas empresas, como as de tecnologia, formar lideranças passou a ser a única forma de melhorar eficiência, aumentar rentabilidade e, consequentemente, gerar mais valor de mercado.
Porém, por mais que este assunto já seja tratado com a sua devida prioridade, ainda é comum encontrarmos empresas que não sabem exatamente o que é analisar e muito menos como desenvolver em novas lideranças. Abaixo identifico alguns erros comuns em líderes e como resolvê-los.
1. O líder “guru”
Esta é, talvez, a maior confusão em novos líderes: assumir que o líder é aquele que tem as respostas para todos os problemas que o time enfrenta. Na visão destas pessoas o líder deveria ser um oráculo que ao ser consultado deveria ter uma solução quando na realidade um verdadeiro líder deveria fazer as perguntas certas para que o seu time pense e chegue nas soluções. Se você, como líder, não deixa que seu time contribua com ideias e tome riscos, o que acaba acontecendo é que você se vê isolado em um time que apenas “aperta parafuso”. Para exercer a verdadeira liderança tenha na cabeça que você, provavelmente, não tem a melhor resposta. E é justamente para isso que você contrata e capacita pessoas para o seu time.
Uma forma prática de não cair neste erro é ser curioso e incentivar o time a compartilhar suas ideias. Além disso, deixar claro que as ideias que foram compartilhadas são importantes para você. O resultado que você vai observar é que ao invés de se tornar um líder mais fraco, isso vai fazer com que o time te admire e, consequentemente, você se torne um líder inspirador.
2. O líder “amigão”
Este tipo de líder é aquele que orienta todas as suas tomadas de decisões para um objetivo: satisfazer o lado pessoal dos integrantes do time. Este líder é muito preocupado em promover pessoas, deixá-las felizes, mas em contrapartida não entrega nenhum resultado. Sim, olhar para as pessoas do time é essencial, mas de nada adianta se o resultado não for entregue. Um líder deve otimizar para o coletivo e nunca para o indivíduo. Isso significa que as tomadas de decisões devem olhar para o bem do grupo, da empresa – sempre claro, respeitando os indivíduos. Se você olha apenas para agradar uma ou várias pessoas do grupo, é muito provável que o resultado seja prejudicado.
O líder com estas características deve garantir que os resultados sejam entregues. Para isso é importante absorver incertezas internas e manter o time focado em um objetivo específico. Acompanhar as metas e compartilhar informações com os liderados é essencial para garantir as entregas sem grandes surpresas.
3. O líder “carrasco”
Este tipo de líder é o oposto do líder “amigão”. Aqui, o gestor está preocupado apenas com a entrega de resultados, não importando se para isso ele tenha que sacrificar os anseios e desejos das pessoas integrantes do time. Os resultados até podem vir no curto prazo, porém, no médio prazo os liderados perdem motivação e param de produzir.
Se você se vê nesta situação pense em como pode contribuir para desenvolver os membros do seu time profissionalmente e pessoalmente. Você está de fato dando autonomia para que eles aprendam a pensar e não apenas a executar? Você está orientando para que eles desenvolvam competências que os tornem mais eficientes? Além disso, você os inspira compartilhando o propósito (o motivo) pelo qual o time foi formado? Estas são questões essenciais para ter uma visão mais orientada a pessoas.
4. O líder que não está próximo ao time
Para estes líderes, há uma hierarquia a ser respeitada e por este motivo o líder não deveria estar próximo aos seus liderados. É uma relação muito mais de comando e controle do que de time. O pensamento é que caso ele fique muito próximo dos membros do time, o respeito será perdido. Este é um dos maiores erros que um líder pode cometer. Independente de qualquer teoria de liderança, é imprescindível que o gestor esteja próximo não apenas fisicamente como emocionalmente à todas as pessoas que ele lidera.
Liderar não é um trabalho fácil. Muitos anseiam por se tornarem líderes em suas carreiras, mas poucos conseguem ter a real dimensão da responsabilidade que isso trás. É praticamente impossível aprender sobre liderança lendo livros ou assistindo palestras. Liderança se aprende na prática, errando e aprendendo. Não se sinta culpado se você perder o time por algum momento. Não se sinta responsável se algum resultado não vier. O mais importante é o processo de aprendizagem que você e os membros do time estejam tendo. No final, liderar não é um fim. Deve ser encarado como uma jornada de evolução do gestor.
Marcelo Furtado é fundador e CEO da Convenia.