André Bolonhini, sócio da Bain

Mais de 80% dos executivos acreditam em disrupção digital para os próximos cinco anos

Estudo da Bain aponta que 70% afirmam já estarem vivenciando essa disrupção, mas menos de 20% avaliam que suas empresas cumpriram as metas de transformação digital

Enquanto 70% das empresas acreditam já estar passando por uma disrupção digital significativa, 85% dos executivos creem que esse movimento manterá seu ritmo acelerado nos próximos cinco anos. É o que constatou a Bain & Company em sua quinta edição de benchmarking sobre transformação digital corporativa, reunindo dados de 1.400 líderes de negócios em 13 países, nos principais setores da economia. De acordo com André Bolonhini, sócio da Bain, “a pesquisa mostra que, mesmo com a queda nas ações de companhias de tecnologia, a disrupção digital que se desenha para os próximos anos é brutal e, para se adaptar ao mercado, todos os executivos terão de acompanhar de perto essas inovações”.

Para o executivo, nem toda disrupção é impulsionada pela tecnologia digital. “A turbulência geopolítica e econômica tem crescido, bem como a emergência climática e a pressão por iniciativas de ESG. Nesse ambiente incerto, as ferramentas implantadas durante os programas de transformação digital podem ser uma fonte de resiliência mais ampla, defendendo também as empresas contra ameaças físicas”.

No atual cenário, segundo a sondagem da Bain, apesar de ser prioridade para 97% dos executivos, menos de 20% deles acreditam que sua organização atingiu mais de 80% de suas metas em transformação digital. “Por isso, de acordo com o relatório, com essa nova onda de evolução tecnológica que está apenas começando a exercer seu poder disruptivo, não é hora de nenhuma empresa relaxar”, ponderou André.

Quatro estágios de desenvolvimento tecnológico

Para entender o mercado de forma geral, a consultoria definiu quatro estágios de desenvolvimento tecnológico para classificar o nível de transformação das empresas: adotantes tardios;  transformadores em estágio inicial; caçadores digitais; e disruptores digitais. “O estudo indica que os disruptores não entram no jogo só para ganhar: eles chegam para mudar as regras. Dentro desse perfil, 90% das empresas ampliaram sua lucratividade e 80% ganharam market share, aproveitando ao máximo as oportunidades de seu mercado. Além disso, 90% dos disruptores têm metas e processos claros para mensurar, rastrear e indicar o impacto do digital no ESG, uma vez que a sua visão de negócio considera essas práticas fundamentais para a transformação digital”, explicou o executivo.

No estudo, a Bain apresenta seis desafios que considera essenciais para as companhias se destacarem diante de seus concorrentes e atenderem às necessidades do público consumidor. O primeiro deles é o compromisso com a transformação: mais de 80% dos transformadores em estágio inicial disseram que o compromisso com a mudança ainda não havia se disseminado na companhia. “É preciso reforçar objetivos e responsabilidades para evitar uma fragmentação gradual dos esforços digitais”, recomendou o sócio da Bain..

Em segundo lugar, surge a reformulação da arquitetura de tecnologia: “mesmo com bons resultados a partir de operações feitas às pressas para atender às demandas da pandemia, não se vai muito longe sem acelerar o investimento em tecnologia corporativa modular e flexível. Repensar a arquitetura tecnológica e ampliar a modernização do negócio devem ser medidas constantes”, aponta o estudo, que aborda,na sequência, a aceleração com uso de dados. “Globalmente, serão gastos em 2022 cerca de US$ 253 bilhões em soluções de big data e análise de negócios, o que tem ampliado vertiginosamente a quantidade de dados coletados e a sofisticação dos algoritmos de processamento. Para colher os frutos desse investimento e acelerar mudanças, o uso de inteligência artificial e machine learning são elementos-chave”.

No terceiro item analisado, surge a popularização do agile: “mais de 80% dos disruptores têm um modelo operacional multifuncional que suporta colaboração ágil, mas, para escalar essa transformação digital, é importante que o agile e outras novas formas de trabalho se estendam além do departamento de TI”. Vindo a seguir a explosão de inovação, considerando que, com a inflação acelerada e a quebra na cadeia de suprimentos, muitas empresas estão lutando para manter o espírito inovador que surgiu com a pandemia. “É hora de incutir uma nova mentalidade de adoção ao digital e permitir uma mudança de cultura em todas as áreas das companhias. E, por fim, o levantamento chama atenção para a importância da atração de talentos. “Os disruptores têm mostrado uma grande vantagem em atrair e reter talentos. No entanto, todas empresas devem investir mais em treinamento e buscar internamente os ‘sonhadores digitais’, que aceleram a inovação”.

A segunda onda da tecnologia

Após a corrida por soluções digitais que surgiu com a pandemia, era esperada uma estabilidade nos investimentos em digitalização das empresas. No entanto, a chegada da segunda onda de tecnologia parece ter ampliado as perspectivas do setor. “Essa nova onda de disrupção inclui modelos de negócios digitais habilitados por tecnologias emergentes, como inteligência artificial com deep learning, metaverso, Web3, robótica avançada e dispositivos conectados com o suporte de edge computing e redes 5G”, concluiu André.

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