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Crescem as incertezas



O cenário internacional vem se caracterizando pelo alto grau de incerteza com relação  à situação econômica de diversos países e regiões, transmitindo insegurança quanto à evolução do mercado, inclusive de nações aparentemente não sensíveis aos desdobramentos das crises. Nos Estados Unidos, a questão do limite da dívida, cuja elevação foi aprovada  pelo congresso, seguida pelo rebaixamento do “rating” dos títulos americanos criou mais dúvidas. O maior problema no curto prazo, no entanto, é que persistem as indicações da falta de reação do consumo doméstico, principal motor da economia, além da difícil situação fiscal. O FED anunciou que não haverá elevação dos juros até o final de 2012, o que não foi suficiente para tranquilizar o mercado, que espera nova injeção de recursos na economia, o que terá impacto sobre os fluxos de recursos canalizados para outros mercados, inclusive o Brasil, valorizando o Real.

A Europa, após mais um “pacote” de salvamento da Grécia, e compra de títulos  de outros países da Comunidade, continua a se preocupar com a situação fiscal de algumas nações, mas, sobretudo com as perspectivas de baixo crescimento da economia do Bloco. A China procura desacelerar o crescimento, para conter fortes pressões inflacionárias, o que poderá resultar em menores importações e redução dos preços das “commodities”, inclusive dos produtos que o Brasil é grande  exportador. Já nos países árabes, instabilidade política pode acarretar aumento do preço dos combustíveis, o que teria efeito sobre os preços internos no Brasil.

Além desse cenário de incertezas do exterior, o Brasil enfrenta o problema  da resistência à queda da inflação, que não deverá convergir para o centro da meta (4,5%) este ano, e, provavelmente, nem no próximo, colocando em dúvida o compromisso governamental com a estabilidade da moeda. De outro lado, a forte valorização do Real vem representando expressiva ameaça para a sobrevivência de muitos setores industriais. O desempenho das finanças públicas tem sido positivo, mas baseado no forte crescimento da arrecadação e sacrifício de investimentos, sem o apoio necessário da contensão de gastos. Em 2012 teremos o forte aumento do salário  mínimo o que terá forte impacto sobre as contas da Previdência, e de muitos estados e municípios.

Apesar desses problemas, pode-se esperar para os últimos meses do ano, um crescimento da economia, embora mais lento do que o do primeiro semestre, com  o varejo apresentando bom desempenho, graças ao aumento do emprego e da renda, da expansão do crédito e das importações. Para 2012, no entanto, é difícil traçar-se qualquer perspectiva, enquanto a situação externa não se tornar mais previsível. Pode-se, quando muito, trabalhar com dois cenários: o da continuidade da crise, mas sem aprofundamento da situação. Ou, na  pior hipótese, um cenário de recessão do mundo desenvolvido, combinado com uma crise do sistema financeiro. No primeiro caso, a economia brasileira sofrerá apenas uma desaceleração não muito significativa do crescimento do PIB, enquanto no segundo, o governo seria obrigado a adotar medidas de alívio fiscal e monetário para evitar uma queda muito forte do desempenho da economia. Sendo otimistas, acreditamos no primeiro cenário, com a economia crescendo entre 3% e 4%, com a inflação mantendo-se sob controle, embora ainda acima do centro da meta de 4,5%.

Marcel Domingos Solimeo é economista-chefe e superintendente institucional da Associação Comercial de São Paulo.

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