Trabalho: sacrifício ou realização?

Autor: Eduardo Shinyashiki
Quantas vezes saímos de casa para ir ao trabalho com a sensação de fadiga, queixas de estresse, ansiedade e, até mesmo, com doenças físicas? Além de prejudicar a saúde esses sentimentos aumentam a desconfiança a respeito da profissão que escolhemos, já que podem ser causados por fatores como: excesso de tarefas, medo da demissão, conflitos interpessoais no ambiente de trabalho, percepção de não conseguir alcançar os objetivos estabelecidos e desequilíbrio entre o desempenho exigido e a crença de não possuir as capacidades necessárias.
 
Com o passar dos anos, a distância entre as expectativas profissionais e as limitações pessoais pode ficar cada vez maior na nossa cabeça e, assim, criar um profundo mal-estar. Para melhor compreendermos todos esses sentimentos, vou contextualizar com uma explicação sobre a origem do trabalho: por muito tempo, os gregos e os romanos, por exemplo, consideravam-no uma obrigação servil, destinada aos escravos e prisioneiros. Apenas a partir de 1700, o trabalho começou a se tornar uma atividade cada vez mais difundida entre todas as classes sociais e, gradualmente, uma mudança ocorreu na representação desse conceito. Deste modo, começaram a enxergá-lo como uma atividade digna, orientada a atingir objetivos e realizações.
 
Todo este cenário está relacionado à origem etimológica da palavra “trabalho”. No latim, “tripalium” denomina um instrumento de tortura e “labor” (lavoro, em português) significa esforço, dor e pena. Ou seja, ambos têm como raiz uma conotação emocional amarga, dolorosa, negativa, de sofrimento, fadiga, exploração, punição e restrição da liberdade individual.
 
Felizmente, a concepção contemporânea de trabalho orientou-se em direção a ideias opostas, que apresentam uma visão como algo direito do ser humano, espaço para a valorização dos talentos e capacidades individuais, criatividade, satisfação profissional e realização pessoal. Entretanto, em alguns momentos da nossa vida, pode parecer que o trabalho lembre mais o significado da antiguidade e esteja mais relacionado à punição do que a realização.
 
O importante nesta questão é saber equilibrar as “identidades” profissional e pessoal. Conhecer a si mesmo, saber seus fatores individuais de caráter e pensá-los em conjunto com os aspectos ambientais da organização da empresa, ao conteúdo profissional e à relação com a equipe podem ser pontos importantes de reflexão para viver o trabalho não como um peso e um castigo, mas como um espaço de realização e satisfação pessoal.
 
Eduardo Shinyashiki é mestre em neuropsicologia, liderança educadora e especialista em desenvolvimento das competências de liderança organizacional e pessoal.

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Trabalho: Sacrifício ou Realização?

Uma
das maiores conquistas da sociedade civilizada é a transformação do significado
da palavra “trabalho”. Os gregos e romanos, por exemplo, consideravam o
trabalho uma obrigação servil e destinada aos escravos e prisioneiros. A partir
de 1700, começou a se tornar uma atividade cada vez mais difundida entre todas
as classes sociais e, gradualmente, uma mudança ocorreu na representação deste
conceito, começando a se tornar uma atividade digna, orientada a atingir objetivos,
como realizar algo ou oferecer serviços.

            Com o tempo, o trabalho se tornou
uma oportunidade de expressão das potencialidades individuais, um meio de
realização pessoal, das relações sociais, de experiências, e que influencia
profundamente a identidade pessoal, a autoestima, a autoconfiança e o papel na
sociedade. O trabalho é uma atividade pela qual o ser humano se torna
consciente de si mesmo e de quem ele é. Configura-se como o contexto para
expressar e utilizar os próprios recursos físicos, intelectuais e emocionais.

            Felizmente, a concepção
contemporânea do conceito de “trabalho” se orientou em direção a ideia oposta
do que era antigamente, onde o trabalho significava dor, fadiga, exploração,
restrição da liberdade individual; e apresenta uma visão do trabalho como
direito do ser humano, espaço para valorização dos talentos e capacidades
individuais, criatividade, satisfação profissional e realização pessoal.

            Entretanto, em alguns momentos da
nossa vida, pode nos parecer que o trabalho nos lembre de mais o significado da
antiguidade grega e romana que o contemporâneo, nos parecendo mais uma tortura
e uma punição do que uma realização. Muitas vezes saímos de casa para trabalhar
exclamando “que desânimo…”. Nessa mesma sociedade civilizada, aumentam cada
vez mais as queixas de estresse relacionado ao trabalho. Ansiedade, angústia,
mal estar e doenças físicas se manifestam com relação ao próprio contexto e
função desempenhada, aumentando a desconfiança pela profissão, ás vezes
encarada como ameaça á própria saúde.

            Essa angústia pode ser causada por
excesso de tarefas, medo da demissão, conflitos interpessoais no ambiente
profissional, e outras infinitas razões. Ou pela sensação de não atingir os
objetivos estabelecidos, por perceber um desequilíbrio entre o desempenho
exigido e a crença de não possuir as capacidades para consegui-lo. A distância
entre as metas e as expectativas profissionais e, as próprias limitações
pessoais podem ficar cada vez maiores na nossa cabeça e criar profundo mal estar,
assim como a incoerência e a falta de sintonia entre a atividade profissional e
os valores pessoais.

            Na evolução do trabalho, o peso da
identidade profissional aumentou tanto que esmagou, engoliu, confundiu a
identidade pessoal, nos levando a dedicar cada vez mais tempo e espaço da nossa
vida ao trabalho. Isso causou impactos negativos inclusive para a saúde, e
deixou o estresse, a angústia e o mal estar se infiltrarem profundamente no dia
a dia profissional, afetando o rendimento, os resultados, o desempenho e a
qualidade de vida.

            O importante nessa questão é saber
equilibrar essas duas “identidades”, a profissional e a pessoal. Conhecer a si
mesmo, saber seus fatores individuais de caráter, e pensá-los em conjunto com
os fatores ambientais ligados à organização da empresa, ao conteúdo
profissional e à relação com a equipe, pode ser um ponto importante de reflexão
para viver o trabalho não como um peso e um castigo, e sim como um espaço de
realização profissional e satisfação pessoal.

 

Danielle Matecki – consultora graduada em psicologia
trabalha na unidade Luandre Alphaville

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Trabalho: Sacrifício ou Realização?

Trabalho: Sacrifício ou Realização?

 

            Uma das maiores conquistas da
sociedade civilizada é a transformação do significado da palavra “trabalho”. Os
gregos e romanos, por exemplo, consideravam o trabalho uma obrigação servil e
destinada aos escravos e prisioneiros. A partir de 1700, começou a se tornar
uma atividade cada vez mais difundida entre todas as classes sociais e,
gradualmente, uma mudança ocorreu na representação deste conceito, começando a
se tornar uma atividade digna, orientada a atingir objetivos, como realizar
algo ou oferecer serviços.

             Com o tempo, o trabalho se tornou
uma oportunidade de expressão das potencialidades individuais, um meio de
realização pessoal, das relações sociais, de experiências, e que influencia
profundamente a identidade pessoal, a autoestima, a autoconfiança e o papel na
sociedade. O trabalho é uma atividade pela qual o ser humano se torna
consciente de si mesmo e de quem ele é. Configura-se como o contexto para
expressar e utilizar os próprios recursos físicos, intelectuais e emocionais.

             Felizmente, a concepção
contemporânea do conceito de “trabalho” se orientou em direção a ideia oposta
do que era antigamente, onde o trabalho significava dor, fadiga, exploração,
restrição da liberdade individual; e apresenta uma visão do trabalho como
direito do ser humano, espaço para valorização dos talentos e capacidades
individuais, criatividade, satisfação profissional e realização pessoal.

             Entretanto, em alguns momentos da
nossa vida, pode nos parecer que o trabalho nos lembre de mais o significado da
antiguidade grega e romana que o contemporâneo, nos parecendo mais uma tortura
e uma punição do que uma realização. Muitas vezes saímos de casa para trabalhar
exclamando “que desânimo…”. Nessa mesma sociedade civilizada, aumentam cada
vez mais as queixas de estresse relacionado ao trabalho. Ansiedade, angústia,
mal estar e doenças físicas se manifestam com relação ao próprio contexto e
função desempenhada, aumentando a desconfiança pela profissão, ás vezes
encarada como ameaça á própria saúde.

             Essa angústia pode ser causada por
excesso de tarefas, medo da demissão, conflitos interpessoais no ambiente
profissional, e outras infinitas razões. Ou pela sensação de não atingir os
objetivos estabelecidos, por perceber um desequilíbrio entre o desempenho
exigido e a crença de não possuir as capacidades para consegui-lo. A distância
entre as metas e as expectativas profissionais e, as próprias limitações
pessoais podem ficar cada vez maiores na nossa cabeça e criar profundo mal estar,
assim como a incoerência e a falta de sintonia entre a atividade profissional e
os valores pessoais.

             Na evolução do trabalho, o peso da
identidade profissional aumentou tanto que esmagou, engoliu, confundiu a
identidade pessoal, nos levando a dedicar cada vez mais tempo e espaço da nossa
vida ao trabalho. Isso causou impactos negativos inclusive para a saúde, e
deixou o estresse, a angústia e o mal estar se infiltrarem profundamente no dia
a dia profissional, afetando o rendimento, os resultados, o desempenho e a
qualidade de vida.

             O importante nessa questão é saber
equilibrar essas duas “identidades”, a profissional e a pessoal. Conhecer a si
mesmo, saber seus fatores individuais de caráter, e pensá-los em conjunto com
os fatores ambientais ligados à organização da empresa, ao conteúdo
profissional e à relação com a equipe, pode ser um ponto importante de reflexão
para viver o trabalho não como um peso e um castigo, e sim como um espaço de
realização profissional e satisfação pessoal.

Danielle Matecki – consultora graduada em psicologia
trabalha na unidade Luandre Alphaville

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