Com uma cultura de gestão fortemente focada em certificações e processos bem desenhados, os holandeses possuem uma quase obsessão por qualidade. E é nessa forma de trabalhar que a Randstad está apostando também no Brasil. Colocada como principal diferencial, a preocupação da multinacional com qualidade é a aposta para crescer no País. “Esse é um dos nossos principais valores. Por isso, a operação brasileira também irá priorizar a qualidade como diferencial”, revela Mário Costa, presidente da Randstad no Brasil e em Portugal, que foi chamado para liderar o processo de ampliação da participação da companhia no mercado nacional. Mais do que isso, sua missão é fazer da empresa a líder no setor de gestão de recursos humanos. Apesar de estar no Brasil desde 1990 com participação minoritária da RH Internacional, a Randstad vem reforçando sua presença apenas nos últimos três anos no País, após a compra da subsidiária. Porém, Costa se mostra seguro com o desafio, colocando como fundamental para o crescimento no País a forma da empresa atuar, com diversas áreas de especialização. “Assim como em outros países, nossa força está no fato de termos divisões com focos específicos para poder garantir a qualidade dos profissionais que recrutamos”, destaca o presidente. Em entrevista exclusiva à revista ClienteSA, Costa conta como tem sido todo esse processo de estruturação da operação brasileira, por quais caminhos pretende crescer no País e destaca os primeiros resultados positivos.
Como foi construída sua carreira até chegar a Randstad?
Comecei como manager na empresa de auditoria Price Waterhouse, dividido entre a África do Sul e Brasil. Em 1983, regressei a Portugal, mas minha ligação com o mercado de recursos humanos só começou em 1990, como sócio-gerente na empresa Ádia. Tempos depois, assumi a presidência da Select Recursos Humanos. Até que, em 2007, a Randstad comprou a Select e me tornei o principal executivo da empresa no mercado português.
Como foi essa primeira experiência em Portugal?
Desde que assumi a direção, expandi fortemente a atuação da companhia nesse mercado. Hoje, somos líder na área de recursos humanos em Portugal, com faturamento anual da ordem de 321 milhões de euros. Foi em consequência desse trabalho que a multinacional holandesa decidiu me dar uma nova missão, assumir a operação no Brasil.
Quem é a Randstad?
Somos o segundo maior grupo de recursos humanos, em nível mundial. Com um portfólio de serviços que incluem recrutamento e seleção, trabalho temporário, contact centres, outsourcing, consultoria de TI e formação, a Randstad tem também uma oferta especializada por setores de atividade reconhecendo as especificidades de cada um e respondendo com um serviço à medida. Temos as divisões Staff, Professional, Technology e a área de Callcenter. Estamos presentes em 40 países, sendo que no Brasil decidimos vir com mais força nos últimos três anos.
Como foi essa decisão?
Hoje em dia, a economia na Europa está parada. Com isso, todas as multinacionais estão olhando para a América do Sul, Ásia, África. Como já estávamos na China e na Índia, foi um processo natural vir para cá. Já estávamos presente no Brasil desde 1990, por meio da subsidiária RH Internacional, onde tínhamos uma participação minoritária. Em 2011, o Grupo Randstad assumiu o controle da empresa. Nossa ideia era fazer um trabalho mais forte, com grandes investimentos em tecnologia de informação e abertura de filiais em todo país. A missão que me foi dada era ampliar a participação da companhia no mercado brasileiro e ser a empresa líder no setor de gestão de recursos humanos no país.
Como foi a estruturação da operação brasileira?
Simples pelo fato de ter sido por meio da aquisição de uma empresa. O primeiro passo foi fazer um estudo de mercado. Depois, vimos que era importante duplicar o número de filiais, pois a empresa comprada era pequena. Em seguida, veio a fase de abrir todas as áreas de especialização que possuímos, pois assim como em outros países, nosso grande diferencial no Brasil é o fato de ter divisões com focos específicos para poder garantir a qualidade dos profissionais que recrutamos, até porque um dos problemas que temos atualmente no Brasil é falta de mão-de-obra com qualidade.
Feito isso, quais serão os próximos passos?
Agora, queremos olhar para toda a nossa estrutura que já está montada e ir ao mercado para conquistar novos clientes. Vamos focar, principalmente, em grandes contas. Outra ação prioritária para nós nesse momento são as relações institucionais com os sindicatos e o Governo Federal para aperfeiçoar e modernizar a legislação laboral. Queremos ajudar a melhorar a qualidade da mão-de-obra, a formação dos profissionais e a movimentação dos trabalhadores. Essa é uma área que vamos trabalhar no ano que vem em Brasília conversando com todas as autoridades para mostrar o que temos em outros países e, dessa forma, contribuir com essa mudança. Afinal, temos que olhar mais para a produtividade.
E no que a Randstad aposta para crescer?
Quando começamos há três anos, a nossa prioridade foi ter a certificação de todas as áreas de negócio. Sempre foi uma preocupação da empresa ter qualidade. E essa será sempre a nossa diferença. É na qualidade que apostamos. Isso pode até fazer com que demore um pouco mais o nosso crescimento, porém não faz mal. A credibilidade de uma empresa, que é a nossa prioridade, sempre deve vir primeiro do que um crescimento rápido. E isso só acontece com as certificações e com processo bem desenhados. Isso, inclusive, vem da cultura dos holandeses. Esse ponto conta principalmente quando estamos lidando com multinacionais, que querem encontrar a mesma qualidade, independendo do País. Um país tão promissor e de enorme potencial, destinado a desempenhar um papel global importante, merece grupos empresariais comprometidos a responder as mais exigentes solicitações, sobretudo quando se trata de recursos humanos, que são o bem mais precioso das organizações. Esse é um dos nossos principais valores. Por isso, a operação brasileira também irá priorizar a qualidade como diferencial.
Da mesma forma, a satisfação dos clientes é essencial, por isso procuramos níveis de desempenho elevados, além de estar sempre próximo dos mesmos com uma ampla rede de filiais e, muitas vezes, pessoalmente.
Já há um retorno?
A cultura da Randstad, que é olhar para as pessoas, está tendo um resultado muito positivo no Brasil. As pessoas sentem orgulho de trabalhar na Randstad e isso também me enche de orgulho, afinal estamos aqui há apenas três anos. Não é apenas um resultado financeiro, mas ver a motivação das pessoas com o que estamos fazendo. Até porque isso vem da própria credibilidade e transparência que construímos. E uma hora isso tudo traz bons resultados. O segredo de uma boa gestão é saber motivar as pessoas para que elas sejam sensibilizadas para atingir os objetivos traçados pela organização.
Mas, e em termos de crescimento?
Há dois anos tínhamos cerca de 100 colaboradores e hoje já somos quase 300. Além disso, passamos de duas filiais para 25. Só no ano passado, crescemos 80% em vendas. E esse ano, tenho certeza, que iremos passar dos 60%. Hoje, o Brasil é o país do momento também para os nossos holandeses.
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