A evolução pela capacitação profissional

No início do século XX, para que os jovens da burguesia tivessem acesso ao ensino superior, suas famílias os enviavam para a Europa, na maioria das vezes para Portugal. Tudo isso, naquele momento, criou uma grande resistência para a realização de um projeto de ensino no país. Somente no período da República, em 1915, o governo reuniu escolas politécnicas, faculdades de direito e de medicina na então capital brasileira, o Rio de Janeiro.

Na década de 60, inaugurou-se a Universidade de Brasília, mas ainda assim era inacessível a grande parte da população. O caminho para que todos pudessem atingir um nível melhor de conhecimento foi a busca por cursos profissionalizantes ou técnicos.

Uma realidade que ainda existe em nosso país até hoje. Na verdade, somente na década de 90, durante o governo de FHC, passamos a ter um número maior de vagas em universidades. Porém, não era e nem é suficiente. Para que se alcance um estágio educacional que permita ao profissional enfrentar a concorrência no mercado de trabalho, a educação profissionalizante é uma das ferramentas que precisa ser mais valorizada pelos empresários e autoridades políticas. Essa é nossa realidade, então devemos encará-la e fazer o melhor, mostrar que uma pessoa com formação acadêmica não é mais importante do que uma técnica.

Investir na educação profissionalizante é uma das maneiras eficazes de enfrentar o desemprego. O problema não está em cursar ou não uma universidade, ter ou não um diploma. A questão é que parecemos ficar constrangidos em admitir que nossas universidades são para uma minoria e que a formação de especialistas em todas as áreas podem passar pelo educação profissionalizante.

Um bom exemplo, da importância desse sistema educacional mundialmente, é a preocupação do Banco Mundial e os investimentos nessa área. Entre os anos de 1963 e 1976, o ensino profissionalizante recebeu 62% dos recursos da instituição voltados para a educação, crescendo de 6,6 milhões de dólares, em 1963, para 150 milhões em 1976. O auge foi na década de 80, quando foram destinados cerca de 845 milhões de dólares, com uma média anual durante esses anos, de 500 milhões de dólares.

A preocupação do Banco Mundial com a educação profissionalizante justifica-se, dentre outros fatores, pela necessidade das economias em desenvolvimento disporem de uma mão-de-obra flexível, capaz de adequar-se às mudanças ocorridas no mundo do trabalho. Segundo eles, o investimento na capacitação de trabalhadores é tão fundamental quanto a destinação de recursos às áreas básicas do desenvolvimento econômico.

Já no Brasil, dados do Censo Escolar de 2004 mostram que houve um aumento no número de estabelecimentos que ministram educação profissional, ou seja, 3047 estabelecimentos em 2004 contra 2.789 em 2003. Um crescimento de 9,25%. A maioria destes institutos é privada, ou seja, 84% do total. Além de 95% deles, estarem situados nas áreas urbanas dos municípios. A área de Saúde é a campeã de matrículas, com 12% do total, seguida pelos cursos voltados para seguimento da Indústria, Informática e Gestão, somando 43,47% das inscrições declaradas em 2004.

Conclui-se que para a expansão econômica e social de uma nação, a base está na forma como ela lida com a educação. Trocando em miúdos, para que profissionais possam completar o ensino superior, precisam estar trabalhando para arcar com os custos. E para ingressarem no mercado de trabalho, necessitam de qualificação. Qualificação essa que só será possível com o ensino básico, fundamental, e claro, profissional ou técnico.

E depois de ingressar no mercado de trabalhado, só se mantém aquele que recicla seus conhecimentos, busca novas informações, reestrutura e amplia sua formação. Outro papel do ensino profissional: promoção e formação pessoal e profissional.

José Zetune é presidente da ADVB (Associação dos Dirigentes de Vendas e Marketing de Marketing), da ADVP (Associação dos Dirigentes de Vendas e Marketing de Portugal), do IRES (Instituto ADVB de Responsabilidade Social) e da FBM (Fundação Brasileira de Marketing)

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

A evolução pela capacitação profissional


José Zetune

No início do século XX, para que os jovens da burguesia tivessem acesso ao ensino superior, suas famílias os enviavam para a Europa, na maioria das vezes para Portugal. Tudo isso, naquele momento, criou uma grande resistência para a realização de um projeto de ensino no país. Somente no período da República, em 1915, o governo reuniu escolas politécnicas, faculdades de direito e de medicina na então capital brasileira, o Rio de Janeiro.

Na década de 60, inaugurou-se a Universidade de Brasília, mas ainda assim era inacessível a grande parte da população. O caminho para que todos pudessem atingir um nível melhor de conhecimento foi a busca por cursos profissionalizantes ou técnicos. Uma realidade que ainda existe em nosso país até hoje.

Na verdade, somente na década de 90, durante o governo de FHC, passamos a ter um número maior de vagas em universidades. Porém, não era e nem é suficiente. Para que se alcance um estágio educacional que permita ao profissional enfrentar a concorrência no mercado de trabalho, a educação profissionalizante é uma das ferramentas que precisa ser mais valorizada pelos empresários e autoridades políticas. Essa é nossa realidade, então devemos encará-la e fazer o melhor, mostrar que uma pessoa com formação acadêmica não é mais importante do que uma técnica.

Investir na educação profissionalizante é uma das maneiras eficazes de enfrentar o desemprego. O problema não está em cursar ou não uma universidade, ter ou não um diploma. A questão é que parecemos ficar constrangidos em admitir que nossas universidades são para uma minoria e que a formação de especialistas em todas as áreas podem passar pelo educação profissionalizante.

Um bom exemplo, da importância desse sistema educacional mundialmente, é a preocupação do Banco Mundial e os investimentos nessa área. Entre os anos de 1963 e 1976, o ensino profissionalizante recebeu 62% dos recursos da instituição voltados para a educação, crescendo de 6,6 milhões de dólares, em 1963, para 150 milhões em 1976. O auge foi na década de 80, quando foram destinados cerca de 845 milhões de dólares, com uma média anual durante esses anos, de 500 milhões de dólares.

A preocupação do Banco Mundial com a educação profissionalizante justifica-se, dentre outros fatores, pela necessidade das economias em desenvolvimento disporem de uma mão-de-obra flexível, capaz de adequar-se às mudanças ocorridas no mundo do trabalho. Segundo eles, o investimento na capacitação de trabalhadores é tão fundamental quanto a destinação de recursos às áreas básicas do desenvolvimento econômico.

Já no Brasil, dados do Censo Escolar de 2004 mostram que houve um aumento no número de estabelecimentos que ministram educação profissional, ou seja, 3047 estabelecimentos em 2004 contra 2.789 em 2003. Um crescimento de 9,25%. A maioria destes institutos é privada, ou seja, 84% do total. Além de 95% deles, estarem situados nas áreas urbanas dos municípios. A área de Saúde é a campeã de matrículas, com 12% do total, seguida pelos cursos voltados para seguimento da Indústria, Informática e Gestão, somando 43,47% das inscrições declaradas em 2004.

Conclui-se que para a expansão econômica e social de uma nação, a base está na forma como ela lida com a educação. Trocando em miúdos, para que profissionais possam completar o ensino superior, precisam estar trabalhando para arcar com os custos. E para ingressarem no mercado de trabalho, necessitam de qualificação. Qualificação essa que só será possível com o ensino básico, fundamental, e claro, profissional ou técnico.

E depois de ingressar no mercado de trabalhado, só se mantém aquele que recicla seus conhecimentos, busca novas informações, reestrutura e amplia sua formação. Outro papel do ensino profissional: promoção e formação pessoal e profissional.

José Zetune é presidente da ADVB (Associação dos Dirigentes de Vendas e Marketing de Marketing), da ADVP (Associação dos Dirigentes de Vendas e Marketing de Portugal), do IRES (Instituto ADVB de Responsabilidade Social) e da FBM (Fundação Brasileira de Marketing).

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Rolar para cima