O que realmente importa
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O que realmente importa
Já há algum tempo, especialistas, consultores e profissionais de Recursos Humanos vêm defendendo, em seminários e na imprensa, que os profissionais com mais chances de se enquadrar num bom nível de empregabilidade (capacidade de conseguir trabalho e remuneração) são aqueles com menos de 45 anos, que falam Inglês e/ou Espanhol com fluência, que dominam a microinformática, têm boa aparência (homens magros, de terno azul ou cinza, sem barba, cabelo curto; mulheres discretas, de tailleurs, etc.), e por aí vai.
Evidentemente, isso não deixa de ser verdade até certo ponto. O perigo é esses itens virarem tabu, o que, na prática, já ocorre em determinado grau. Ora, quando vamos delinear o perfil de um profissional para determinado cargo, não podemos perder de vista o que realmente importa. Enquanto os presidentes, vice-presidentes e diretores desejam profissionais que resolvam os problemas eficazmente, criem novas opções de negócios, inovem, surpreendam pelas soluções geradas pela competência, os especialistas em recursos humanos, muitas vezes, estão com os “tabus” na cabeça.
Não por acaso, está-se criando um paradoxo que gera vácuo, defasagem no mercado de trabalho. De um lado as organizações têm vagas em aberto por muito tempo pela falta de profissionais. De outro, inúmeros profissionais talentosos disponíveis também por muito tempo por não encontrarem uma posição satisfatória. Esses se encontram assustados com os “tabus” e desorientados para o que realmente importa.
Mas, afinal, o que importa realmente?
Quando pesquisamos a opinião de altos executivos (os contratantes), invariavelmente, eles apontam os três requisitos considerados mais importantes para efeito contratação: alta competência técnica, resultados alcançados nos empregos anteriores e capacidade de liderança. Diga-se, de passagem, que a experiência técnica vem, disparado, em primeiro lugar.
Tomemos como exemplo heterodoxo o recrutamento de colaboradores no âmbito governo federal. Quantos não são os integrantes de primeiro, segundo e terceiro escalões que fogem às regras da aparência e do idioma? Já pensou o que seria do presidente da República sem o concurso de auxiliares obesos, barbudos, bigodudos e ignorantes no segundo idioma? Nos esportes, a gente vê ainda com mais clareza. O que interessa contratação de um atleta é, efetivamente, competência técnica e a capacidade de contribuir para resultados positivos. Não fora, mas dentro do campo ou da quadra, ou da pista…
Portanto, você que é um bom profissional, demonstre nos currículos e nas entrevistas que você é um “craque” na sua atividade. Ressalte suas experiências técnicas – adquiridas e exercidas – e os resultados que já conseguiu. Inclusive na liderança de equipes. É preciso que suas qualidades práticas superem as limitações dos tabus.
Somente em cargos específicos, nos quais o Inglês e o Espanhol têm valor fundamental, assim como a aparência física jogue papel primordial, esses pré-requisitos deixam de um tabu. Mas o risco é invertermos as prioridades. Volto a afirmar: mais do que nunca precisamos, em nossas empresas, de profissionais que, pelo talento, nos tragam resultados, novas opções, grandes soluções.
Esperamos que surja a qualquer momento um “efeito competência” no mercado de trabalho. Que se olhem currículos e se dirijam entrevistas profissionais com ênfase nas competências e resultados. E que os profissionais, da parte deles, comecem a se esforçar para desenvolverem ao máximo os próprios talentos na direção de resultados positivos e concretos. Esse perfeito casamento traz o verdadeiro progresso e torna tudo o mais superável ao longo do tempo.
Claudir Franciatto ([email protected]), jornalista, escritor, headhunter e consultor, tem nove livros publicados e é parceiro da Bolsa de Empregos do site www.callcenter.inf.br